Aborto Elétrico : Ao Vivo: Sala Funarte

Punk-Rock / Brazil
(1981 - Self-Released)
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Letras


1. FÁTIMA

Vocês esperam uma intervenção divina
Mas não sabem que o tempo agora está contra vocês
Vocês se perdem no meio de tanto medo
De não conseguir dinheiro pra comprar sem se vender
E vocês armam seus esquemas ilusórios
Continuam só fingindo que o mundo ninguém fez
Mas acontece que tudo tem começo
Se começa um dia acaba, eu tenho pena de vocês

E as ameaças de ataque nuclear
Bombas de neutrons não foi Deus quem fez
Alguém, alguém um dia vai se vingar
Vocês são vermes, pensam que são reis
Não quero ser que nem vocês
Eu não preciso mais
Eu já sei o que eu tenho que saber
E agora tanto faz

Três crianças sem dinheiro e sem moral
Não ouviram a voz suave que era uma lágrima
E se esqueceram de avisar pra todo mundo
Ela talvez tivesse um nome e era: Fátima
E de repente o vinho virou água
E a ferida não cicatrizou
E o limpo se sujou
E no terceiro dia ninguém ressuscitou

2. CONSTRUÇÃO CIVIL

O que você vai ser
Quando você crescer?
E nas fotografias
O que você vai ver
O tempo passa
E você vê
Que existem coisas
Que você nunca imaginou
E existissem
Eu tenho um primo que trabalha
na Construção Civil
Me conta coisas diz
Que eu tenho que esperar
Entre uma cerveja e outra
Se lembra do aluguel
Então me explica como é feliz

Eu tento ver os olhos
Se ele fala a verdade
Mas ele se esquiva
E diz que é só cansaço
Cê ainda tem muito pra viver
Como vai a escola?
E a sua turma
O que é que vocês fazem?
Como é a sua vida?
Eu tenho um primo que trabalha
na Construção Civil
Me conta coisas diz
Que eu tenho que esperar
Entre uma cerveja e outra
Se lembra do aluguel
Entao me explica como é feliz

É tão seguro trabalhar
Na Construção Civil
Senso de responsabilidade
na construçao civil
Pare de pensar na vida,
e vá trabalhar
Na Construção Civil

3. FICÇÃO CIENTÍFICA

Hoje a noite Flash Gordon
Vai tentar ser Barbarella
Para ver se aprisiona Albert Einstein
Que criou o elixir da longa vida
Ainda vive
E tenta criar uma nova bomba H
Um eclipse destruiu o sol
Que queria ser Apolo
Sem o mito só o fogo queima o chão
Julio Verne matou Galileu
E Saturno os seus filhos
Sangue puro a essência canibal
Sonhos mortos, sonhos tortos
Sempre vejo minha morte
Tanto faz, não existem mais heróis
Kryptonita no meu sangue
Clorofórmio no banheiro
E a dança é a mesma, não é ficção
Revoluçao em selvas tropicais
Raio laser mata índios
Descoberta O Novo Mundo envelheceu
Como tentar ser selvagem
Se não existe anarquia
E a dança é a mesma, não é ficção
Muita fome nas estrelas
Muita fome nas estrelas
Muita fome nas estrelas
E aqui também

4. VERANEIO VASCAÍNA

Cuidado, pessoal, lá vem vindo a veraneio
Toda pintada de preto, branco, cinza e vermelho
Com números do lado, e dentro dois ou três tarados
Assassinos armados, uniformizados
Veraneio vascaína vem dobrando a esquina
Porque pobre quando nasce com instinto assassino
Sabe o que vai ser quando crescer desde menino
Ladrão pra roubar, marginal pra matar
Papai eu quero ser policial quando eu crescer
Cuidado, pessoal, lá vem vindo a veraneio
Toda pintada de preto, branco, cinza e vermelho
Com números do lado, e dentro dois ou três tarados
Assassinos armados, uniformizados
Veraneio vascaína vem dobrando a esquina
Se eles vem com fogo em cima, é melhor sair da frente
Tanto faz, ninguém se importa se você é inocente
Com uma arma na mão eu boto fogo no país
E não…

5. CONEXÃO AMAZÔNICA

Estou cansado de ouvir falar
Em Freud, Jung, Engels e Marx
Intrigas intelectuais
Rodando em mesa de bar

Ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie, ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie, ie, ie Yeah!

O que eu quero eu não tenho
O que eu não tenho eu quero ter
Não posso ter o que eu quero
E acho que isso não tem nada a ver

Ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie, ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie, ie, ie Yeah!


Os tambores da selva já começaram a rufar (2 vezes)
A cocaína não vai chegar (2 vezes)
Conexão amazônica está interompida

Ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie, ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie, ie, ie Yeah!

E você quer ficar maluco sem dinheiro e acha que está tudo bem
Mas alimento pra cabeça nunca vai matar a fome de ninguém
Uma peregrinação involuntária talvez fosse a solução
Auto-exílio nada mais é do que ter seu coração na solidão

Ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie, ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie, ie, ie Yeah!

Estou cansado de ouvir falar
Em Freud, Jung, Engels e Marx
Intrigas intelectuais
Rodando em mesa de bar

Ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie, ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeah!
Ie, ie Yeaah!

6. QUE PAÍS É ESTE?

Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação

Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

No Amazonas, no Araguaia-ia-ia
Na Baixada Fluminense
Mato Grosso, Minas Gerais
E no Nordeste tudo em paz

Na morte, eu descanso
Mas o sangue anda solto
Manchando os papéis
Documentos fiéis
Ao descanso do patrão

Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

Terceiro mundo se for
Piada no exterior

Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão

Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

7. LOVE SONG FOR ONE

Você me faz pensar demais
Sempre quando quero tentar
Ser só mais um que quer você

Eu não consigo entender
Porque eu quero você
Eu não consigo entender

Você me faz deixar pra trás
Tudo que faz lembrar
Como é viver sem ter você

Eu não consigo entender
Porque eu quero você
Eu não consigo entender

Eu não sei mais voltar atrás
Nunca pensei, quero parar
De ser mais um que quer você

Eu não consigo entender
Porque eu quero você
Eu não consigo entender

Você me faz pensar demais
Sempre quando quero tentar
Ser só mais um que quer você

Eu não consigo entender
Porque eu quero você
Eu não consigo entender
Porque eu quero você
Eu não consigo entender
Porque eu quero você

8. TÉDIO (COM UM T BEM GRANDE PRA VOCÊ)

Moramos na cidade, também o presidente
E todos vão fingindo viver decentemente
Só que eu não pretendo ser tão decadente não

Tédio com um T
Bem grande pra você

Andar a pé na chuva, às vezes eu me amarro
Não tenho gasolina, também não tenho carro
Também não tenho nada de interessante pra fazer

Tédio com um T
Bem grande pra você

Tédio com um T
Bem grande pra você

Se eu não faço nada, não fico satisfeito
Eu durmo o dia inteiro e aí não é direito
Porque quando escurece, só estou a fim de aprontar

Tédio com um T
Bem grande pra você

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